quinta-feira, 12 de junho de 2008

Palestra conta como a homossexualidade era vista e praticada há cinco mil anos no Antigo Egito


Se você acha que a única referência gay do Antigo Egito é o luxo das jóias e roupas de Cleópatra, é melhor ir mudando de idéia. Mesmo não sendo uma das sociedades mais liberais da época, os egípcios mostraram que estavam muito à frente de outros povos com relação ao respeito pela homossexualidade e não praticavam atos de violência ou prisões contra quem mantinha relações do tipo. E olha que estamos falando do Antigo Egito, cerca de 3.150 anos antes do nascimento de Cristo. Essa e outras curiosidades serão apresentadas pelo egiptólogo Wallace Gomes na palestra “Romance, Sensualidade e Casamento no Egito Faraônico”, no dia 14, das 14h30 às 17h30, na casa de chá egípcia Khan el Khalili.

A homossexualidade sempre existiu e não poderia ser diferente no país das pirâmides. Segundo explica Wallace, a religião politeísta da época não permitia a relação entre pessoas do mesmo sexo, mas, ao mesmo tempo, não condenava veementemente como fazem as atuais. Há cinco mil anos, a religião egípcia já mostrava seu avanço ideológico com relação ao resto do mundo. Prova disso é a completa falta de registros de atos de violência ou prisões de homossexuais nesse período. Essa tolerância vem da crença de que apenas os deuses poderiam julgar os humanos, e não a sociedade. Um Conselho de Sábios instruía os homens a não manterem relações homossexuais, mas, caso eles o fizessem, não havia uma penalização.

Os poucos documentos que existem sobre o assunto mostram apenas a homossexualidade masculina. “As mulheres eram mais reservadas”, conta o egiptólogo. Ele diz ainda que não havia no Egito a promiscuidade que, na mesma época, era comum nos palácios dos imperadores romanos. Os homens que mantinham relações sexuais com outros homens, geralmente, procuravam as casas de prostituição da época e faziam sexo sem envolvimento amoroso, o que ameniza, de certa forma, a falta deles perante a sociedade. A relação matrimonial entre dois homens, essa sim, era vista com maus olhos.

Outra prova dessa tolerância foi descoberta recentemente na figura de uma múmia. Encontrada em um sarcófago sem nome, ela apresentava as formas de um corpo feminino, o que levou os estudiosos a acreditarem que se tratava de uma mulher. Após análises mais aprofundadas, eles descobriram que era um homem que foi mumificado com enchimento na região dos seios e do quadril. Como foi encontrado com vários instrumentos musicais, acredita-se que era um musicista e bailarino de boa condição financeira e que foi velado como era em vida, com nuances femininas.

Na palestra, Wallace falará ainda de relações heterossexuais e suas particularidades, como a pouca idade com a qual os casais se uniam (13 anos, em média) e o modo como eles se beijavam, do tipo beijo esquimó, esfregando nariz com nariz porque valorizavam muito o cheiro da pessoa amada. Ele esclarecerá ainda como eram celebrados os contratos de casamento na época e como acontecia o namoro há cerca de cinco mil anos. O evento é uma boa dica, pois traz informações sobre a vida no Antigo Egito e como ela ainda influencia os hábitos nos dias atuais.

Khan el Khalili: Rua Dr. José de Queirós Aranha, 320 - Vila Mariana
Contato: (11) 5575-6647

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